HIV: Para um bom entendedor, meia palavra basta
Escrito por Filipe Estevam
em 20/05/2021
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Derrubando barreiras
Em se tratando de HIV, ainda existem alguns estigmas sobre quem vive com o vírus, mas graças aos avanços da medicina, a vida pós diagnóstico positivo hoje é completamente normal, saudável e sim, pode ser leve!
A melhor forma de derrubarmos barreiras, quebrar preconceitos e promover a saúde física e mental para todos é trazer esclarecimento sobre a questão e nesse caso, informação é chave.
E, se dizem por aí que a boca fala sobre aquilo que o coração está cheio, aqui só temos amor!
Então que tal conversarmos sobre termos antigamente utilizados para se referir a pessoas que vivem com HIV e que caíram em desuso em prol de uma vida mais leve e livre de preconceitos?
Pensando nisso, separei aqui uma lista de tópicos com esses termos com a intenção de desmistificar a convivência com o HIV.
Vírus da AIDS
Essa terminologia simplesmente não existe, o que existe é o vírus que causa a Aids, que é o vírus da imunodeficiência humana (HIV), e falar “vírus do HIV” é algo redundante, o correto é apenas HIV.
Aidético ou Doente de AIDS?
Esse termo caiu em desuso já há bastante tempo, e não deve ser utilizado por ser carregado de estigma e preconceito, além de ser pejorativo, é bastante incorreto por passar a ideia de que HIV e Aids são a mesma coisa.
Aqui precisamos entender a diferença, HIV é o vírus, Aids é a doença manifestada.
O objetivo do tratamento é justamente para que o indivíduo que tenha o vírus não desenvolva a doença, e para quem é portador do HIV a terminologia correta é pessoa vivendo com HIV (PVHIV).
Nos casos em que, pela falta de tratamento, a Aids se desenvolve, apresentando seus sintomas, a forma correta para se referir a essa pessoa é “doente de Aids”.
Contaminado ou infectado?
Há uma diferença entre contaminação e infecção, contaminado se refere a objetos, infectado é referente a invasão de tecidos corporais por um organismo hospedeiro.
Querendo ou não, a gente acaba associando a palavra contaminado ao rio sujo, ao ar poluído, ao solo tóxico.
Acontece que a palavra “CONTAMINAR” sugere algo sujo, poluído, com impurezas.
Uma vez recebido o diagnóstico positivo para o HIV, é possível dizer que o indivíduo foi infectado pelo vírus, mesmo assim, o mais adequado é pessoa vivendo com HIV (PVHIV).
Ficou simples: ao invés de falar “eu fui contaminado” você pode falar “eu fui INFECTADO”.
Soropositivo ou Pessoa vivendo com HIV?
Também em desuso, traz uma carga negativa e só fortalece o estigma para quem está “vivendo com HIV”, que é o termo mais apropriado.
Curiosamente ninguém fala eu SOU gripado, ou eu SOU câncer.
Da mesma forma não faz mais sentido, nos dias atuais, falar que uma pessoa é soropositivo.
Viver a sombra de SER um diagnóstico resume a vida de uma pessoa, fortalece o preconceito e os estigmas de uma realidade que não existe mais.
Coquetel ou TARV?
Com os avanços da medicina, o tratamento para pessoas vivendo com HIV (PVHIV) tornou-se bastante simplificado, sendo reduzido a poucos comprimidos ao dia, colocando o termo coquetel em desuso e dando espaço à terminologia “antirretroviral” ou “medicamento antirretroviral”.
Para se referir ao nosso tratamento, será comum você encontrar a sigla TARV, não se assunte. É apenas uma forma mais rápida e abreviada para nos referirmos a Terapia AntiRretroViral.
DST ou IST?
O termo DST (doenças sexualmente transmissíveis) foi substituído por IST (infecções sexualmente transmissíveis) pois, quando se fala em doença, já há um quadro de sintomas instalados, enquanto a infecção nem sempre, é possível estar infectado pelo HIV e não saber, daí a importância da testagem para saber o seu status, bem como a prevenção, pois existem outras IST além do HIV, então camisinha sempre!
Sorodiscordante ou sorodiferente?
Propositalmente deixado por último em nossa lista para lembrar que existe amor, afeto, carinho, respeito e companheirismo após o diagnóstico positivo sim!
Esse termo se refere a casais onde um vive com HIV e o outro não, mas nada de discórdia, eles são apenas “sorodiferentes”, e está tudo bem!
Sobre esse assunto, você pode encontrar mais informações no artigo “Como é um relacionamento entre pessoas sorodiferentes?”
Rolou direto para este final?
Caso você tenha rolado a sua tela direto para o final deste texto, nele eu falei sobre as atualizações das terminologias que usamos quando o tema for HIV.
Viver como HIV atualmente não precisa, nem deve carregar estigmas do passado, a linguagem molda crenças e pode influenciar comportamentos, e utilizar termos corretos para se referir a quem vive com HIV é uma forma de humanização e respeito, o que todos merecem, independente de sua sorologia.
2 comments on “HIV: Para um bom entendedor, meia palavra basta.”
Amei fazer a análise corporal! Explica, esclarece, ilumina diversas atitudes que trazemos para os dias de hoje e que provocam algumas incompreensões .
Recomendo esse encontro consigo mesmo através desse trabalho lindo, principalmente pra quem acha que já sabe tudo sobre si mesmo.😊
OI Vig, Você disse tudo! Um encontro consigo mesmo! Descobrir quem você é e como voce funciona na vida é simplesmente LIBERTADOR.